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domingo, 8 de abril de 2012

JESUS, A NOSSA PÁSCOA



Texto: Fp 2.5-8


Introdução: Nestes dias como também no Natal, podemos ver os símbolos do paganismo sendo evidentes na mídia. O interessante é a sutileza que estes símbolos tem entrado nos lares de quase todas as pessoas, inclusive crentes. Estes símbolos são:

• No Natal – O papai Noel, a arvore de natal, as luzes...etc;
• Na páscoa – O coelhinho, o ovo de chocolate... etc.
• No são João – o milho, a fogueira as quadrilhas...
• No carnaval – escolas de samba, frevo...etc.

Se fossemos citar cada festividade, poderíamos passar a noite aqui, porém não é nosso interesse. A questão é o que está por trás de cada festividade. Por exemplo: Poucos sabem, mas as festas juninas são celebrações a deusa Juno, no paganismo romano, mas a igreja católica contextualizou para os festejo em homenagem a são João.

Mas alguém poderia perguntar: “O que tem de mal as festividades da páscoa”? Nada! Absolutamente nada. A questão é os símbolos e tradições que se tem criado em torno desta data. Por exemplo: pela tradição, as pessoas devem abster-se de carne, bebida alcoólica, e deve comer peixe, não há mal nenhum comer peixe neste dia, porém no judaísmo comemorava-se a páscoa comendo carneiro assado e pães asmos. O próprio Jesus, o Senhor e dono da igreja, celebrou a páscoa comendo um carneiro com os seus discípulos: E, no primeiro dia dos pães ázimos, quando sacrificavam a páscoa, disseram-lhe os discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comer a páscoa? Mc 14.12. Quando Jesus manda os discipulos preparar a páscoa, os preparativos eram: Os preparativos eram: Imolar e assar o cordeiro, providenciar pães asmos, ervas amargas, sopa de frutas, água salgada e suco de uva.
Como o povo inclusive crentes, através da tradição entende que deve celebrar a páscoa: Comendo peixe e se embriagando de vinho e na maioria das vezes jejuando, quando a páscoa para o povo de Deus era uma ceia.
Jesus Cristo é a nossa páscoa. Quando João batista se encontra com Jesus, ele diz: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, João 1.29. João entendia que Jesus Cristo simbolizava o cordeiro, pois este morreria para expiar o pecado do mundo.
Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. João 6.53, 54.
O que significa realmente a páscoa em nossos dias? É o coelhinho da páscoa; é o ovo de chocolate que os comerciantes vendem? Qual origem do ovo da páscoa e do coelhinho:
A origem dos ovos e coelhos é antiga e cheia de lendas. Segundo alguns autores, os anglo-saxões teriam sido os primeiros a usar o coelho como símbolo da Páscoa. Outras fontes porém, o relacionam ao culto da fertilidade celebrado pelos babilônicos e depois transportado para o Egito.
A partir do século VIII, foi introduzido nas festividades da páscoa um deus teuto-saxão, isto é, originário dos germanos e ingleses. Era um deus para representar a fertilidade e a luz. À figura do coelho juntou-se o ovo que é símbolo da própria vida. Embora aparentemente morto, o ovo contém uma vida que surge repentinamente; e este é o sentido para a Páscoa, após a morte, vem a ressurreição e a vida. A Igreja no século XVIII, adotou oficialmente o ovo como símbolo da ressurreição de Cristo. Assim foi santificado um uso originalmente pagão, e pilhas de ovos coloridos começaram a ser benzidos antes de sua distribuição aos fiéis.
Qual o significado da pascoal para nós? O que Jesus representa neste dia?

I. HUMILDADE

O apostolo Paulo em Fp 2.5 nos diz: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”. Que sentimento é este? É o sentimento da humildade, o qual todos, seguindo o exemplo de Cristo deveria ter. Paulo demonstra que mesmo sendo Deus, o Senhor Jesus não deixou de ser humilde, assumindo a semelhança de homem. O apostolo Paulo convoca todos, em especial a igreja, a ter esse mesmo sentimento de humildade. Não adianta nos abstermos de carne e comermos peixes, se não há este sentimento, o sentimento da humildade. Não adianta praticarmos o jejum, se não há este sentimento. Não adianta eu presentear minha esposa ou minha filha com um ovo de chocolate se este sentimento está ausente da minha vida. Também não adianta querermos evidência humildade se em nosso ser não há humildade alguma. Qual o sentido da páscoa pra você? Passamos o ano como intrigados de Cristo, mas nesta época nos emocionamos quando assistimos um filme da paixão de Cristo. Se Não adiante nada disso querido (a), se você não é humilde de coração. Jesus disse: "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus, Mt 5.3. Mas você sabe realmente o significado dessa palavra?

Pergunte neste momento a você mesmo: “Eu sou humilde”? Pergunte ao irmão que está ao seu lado: “Você é humilde”?
A humildade é uma virtude que mais caracteriza as pessoas que exercem influência na sociedade. Ser humilde, ao contrário do que muitos pensam, não é ser pobre, destituído de bens ou uma pessoa simplória. Ser humilde é o oposto de ser orgulhoso. A Bíblia diz que o pior pecado é o orgulho. Essa é a raiz de todos os outros problemas na nossa vida. "Quando vem o orgulho, chega a desgraça, mas a sabedoria está com os humildes". Provérbios 11.2.
Por isso o apostolo Paulo diz que em nós deve haver o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus que foi um exemplo de humildade. Alguém poderia até dizer: Eu me orgulho da minha humildade, é ai que está o problema, não é a humildade excessiva, mas o orgulho que é o passo para o desvio do caminho do Senhor. Por que Paulo mostra neste texto que Jesus é exemplo de humildade a ser seguido? Ele diz que Jesus “Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus”, V. 6. Jesus é Deus, a Bíblia prova esta verdade, mas o apostolo Paulo nos diz que Ele não teve por usurpação ser igual a Deus. Paulo nos diz que devemos considerar os outros superiores a nós mesmo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”, V. 3. O que significa isto? Não fazer as coisas para ser visto ou querer ser melhor do que as outras pessoas. Se queremos demonstrar que observamos a páscoa de uma forma correta e que amamos o cordeiro que foi imolado, devemos começar a ter uma vida de verdadeira humildade.

II. A NOSSA PÁSCOA É JESUS

O apostolo Paulo nos diz que a humildade de Jesus foi tão grande que Ele em obediência a seu Pai se entregou para salvar muitas pessoas neste mundo. Paulo nos diz que Ele “esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”, Vs 7, 8. Notamos neste versículo que nos é dito que:

“Ele se esvasiou-se a si mesmo” – Ele deixou a sua glória e veio habitar no meio de pecadores como nós. João 1.14 nos diz que: O Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
Imagine você, deixar o conforto do seu lar, e voluntariamente ir morar no meio de mendigos debaixo da ponte, tendo como objetivo, ajudar estes mendigos. Jesus fez isso por nós. Deixado a sua majestade, sua glória, Ele veio habitar entre nós, pecadores fadados ao fracasso e a perdição eterna.

2. “tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” – Jesus conhece exatamente como somos por dentro, o que sentimos, o que pensamos. A nossa fragilidade. As nossas tentações. Paulo nos mostra que mesmo sendo Senhor, Ele assumiu a forma de servo. Em Is 53.5 nos diz que “ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. O senhor Jesus como servo sofredor, Ele sentiu dores, Ele sangrou, a sua carne foi perfurada... e tudo isso porque? Por que Ele muito nos amou. Jesus disse que “ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”, Jo 15.13.

3. “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” - O que levou Cristo a morrer na cruz do calvário foi o amor que ele sentia por aqueles que o Pai lhes deu. Ele disse que o Bom Pastor dar a vida pelas suas ovelhas. O exemplo de humildade de Jesus levou Ele a ser obediente ao Pai, ao ponto de ser pendurado no madeiro. O problema que os atores nestes dias, representaram os sofrimentos de Jesus, mas muitas vezes sem Jesus em seus corações. Muitos se abstiveram de comer carne e comeram apenas peixe, mas infelizmente não sabem o real significado da páscoa. A páscoa significa Jesus cristo sendo entregue para morrer na cruz para libertar o seu povo da ira vindoura.
Conclusão: Como você tem celebrado a páscoa? A semana Santa? Jesus faz parte dessa celebração?
Que o Senhor seja servido em termos vidas consagradas a Ele; Vidas dedicadas ao seu serviço. Jesus Cristo é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Jesus é a nossa verdadeira páscoa. Amém.

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Autor: Rev. Davi Gomes do Nascimento
Sermão pregado pelo Rev. Davi Gomes do Nascimento na IPF Betel no dia 08/04/2012

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O QUE DEVEMOS PREGAR SOBRE O INFERNO?



Sinclair Ferguson



Dr. Sinclair Ferguson é nascido na Escócia, obteve seu PhD pela Universidade de Aberdeen. Atualmente pastoreia a First Presbyterian Church (Primeira Igreja Presbiteriana), em Columbia, na Carolina do Sul e serve como professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary, na Filadéfila (EUA). Ferguson é autor de diversos livros e atua como preletor em conferências, seminários e igrejas em diversos países.

Falar sobre o inferno significa falar sobre coisas tão impressionantes, que isso não pode ser feito com tranqüilidade.
No entanto, o inferno existe. Esse é o testemunho das Escrituras, dos apóstolos e do próprio Senhor Jesus. Aquilo que é emocionalmente intolerável também é verdade – e nisso está o seu terror.
Cumpre ao pastor cristão familiarizar-se com o ensino sobre o inferno, sentir a sua importância, pregar sobre ele e aconselhar seu rebanho em relação ao seu significado e suas implicações.

PECAMINOSIDADE REVELADA

O pregador fala como alguém consciente de que ele mesmo tem de apresentar-se diante do tribunal de Cristo: “Importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5.10). Talvez mais do que qualquer outra coisa, isso tem de se tornar a atmosfera a partir da qual os servos de Deus abordam suas tarefas como pregadores e pastores. Eles comparecerão no tribunal de Cristo. Somente aqueles que estão plenamente cônscios de que se apresentarão diante do tribunal de juízo podem falar com um senso de relevância sobre as questões da vida e da morte, do céu e do inferno.
É nesse ponto que aprendemos para nós mesmos a terrível revelação de nossa pecaminosidade. E isso, por sua vez, nos capacita a enfatizar três coisas essenciais à nossa pregação.

• A justiça de Deus
• A pecaminosidade de nosso pecado
• A absoluta justiça da condenação de Deus sobre nós

A menos que estabeleçamos esses princípios coordenados e os inculquemos na mente e consciência de nossos ouvintes, há pouca probabilidade de que lhes impressionaremos com a pregação sobre o inferno.
Todo membro da raça humana decaída precisa ter colocada diante de si a total e radical inescusabilidade do pecado e da absoluta justiça da condenação da parte de Deus. Somente assim o homem caído pode levar e levará a sério o inferno. A pregação dessas verdade tenciona remover a cegueira, despertar e aguçar a consciência dormente. Do contrário, persistimos em nossa suposição de que, não importando o destino que sobrevenha a outros (um Nero, um Hitler ou um Idi Amin), nós mesmos estamos seguros em relação à condenação divina.

O QUE DEVEMOS PREGAR SOBRE O INFERNO?


Então, o que devemos pregar sobre o inferno? Há várias coisas que precisamos afirmar.



1. O inferno é real.

Uma das características da pregação de Jesus foi advertir quanto a perspectiva do inferno, assim como lhe foi característico falar sobre os elevados privilégios do céu. Pelo menos para ele o inferno era tão real quanto o céu.

2. O inferno é descrito vividamente nas passagens do Novo Testamento.

No decorrer dos séculos, os teólogos têm debatido se o vocabulário bíblico referente ao inferno deve ser tomado literal ou metaforicamente. Minha opinião é que, em qualquer aspecto do ensino bíblico em que várias descrições contêm elementos que se encontram em tensão com outros, essas descrições são provavelmente metafóricas. Mas, havendo dito isso, precisamos afirmar também – e este é um fato crucial – que as metáforas são empregadas precisamente para descrever realidades maiores do que elas mesmas.
O inferno é uma esfera de separação e privação, de sofrimento e punição, de trevas e destruição, de desintegração e perecimento. O vocabulário do Novo Testamento inclui: trevas exteriores, choro e ranger de dentes, destruição do corpo e da alma, fogo eterno, fogo do inferno, condenação do inferno, perder a vida eterna, a ira de Deus, eterna destruição longe da presença do Senhor, perecer, separação, negridão das trevas.
O que o pregador deve fazer com essa linguagem? Deve fazer exatamente o que fazemos com qualquer linguagem bíblica: usá-la até aos limites de seu significado no texto, nem mais, nem menos. Em particular, a palavra “eterno” ressalta a magnitude do que está em vista. Essa condição não é somente uma condição de separação de Deus e desintegração de tudo que é agradável; é tudo isso com duração perpétua e permanente. Foi isso que levou Thomas Brooks, grande pregador do século XVII, a clamar em palavras que encontramos também nos lábios de seus contemporâneos:
Oh! esta palavra eternidade, eternidade, eternidade! Esta palavra eterno, eterno, eterno! Esta palavra para sempre, para sempre, para sempre, espedaçará o coração dos condenados em inúmeras partes... No inferno, os pecadores impenitentes terão fim sem fim, morte sem morte, noite sem dia, lamento sem consolo, tristeza sem alegria e escravidão sem liberdade. Os condenados viverão por tanto tempo no inferno quanto Deus mesmo viverá no céu.

3. O inferno, embora preparado par o Diabo e seus anjos, é compartilhado por seres humanos.

O inferno é o deserto da humanidade, habitado por aqueles que rejeitam a Cristo e sua revelação. Aqueles que não pertencem ao reino de Deus estão lá: “Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira” (Ap 22.15; cf. 1 Co 6.9). O homem rico está lá (Lc 16.19-31); aqueles que não amaram os irmãos de Cristo estão lá (Mt 25.41-46); alguns que profetizaram, expulsaram demônios, realizaram milagres em nome de Cristo estão lá (Mt 7.21-23); “os que não conhecem a Deus e... não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” estão lá (2 Ts 1.8); Judas Isacriotes está lá (At 1.25), porque melhor lhe fora não haver nascido (Mt 26.24); o Diabo e seus anjos, a besta e o falso profeta estão lá, “atormentados... pelos séculos dos séculos” (Ap 19.19-20; 20.10, 15).

A perspectiva desse juízo é tão terrível que, ao ser revelado:


Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se? (Ap 6.15-17)

De fato, isso é muito terrível para ser contemplado – é mais terrível do que o vocabulário usado para descrevê-lo, assim como o céu é mais glorioso do que nossas palavras talvez possam descrever.
Como milhões de outras pessoas, assisti em 11 de setembro de 2011, com horror e presságio, em tempo real, pela televisão, no Reino Unido, ao segundo avião se chocando nas Torres Gêmeas, em Nova Iorque; e, depois, vi os prédios caindo em escombros, enquanto as pessoas corriam para salvar sua vida. Foi um dos mais horríveis acontecimentos que testemunhamos “ao vivo”. Enquanto eu assistia ao acontecimento, perguntei-me: que tipo de horror cataclísmico faria homens fortes correrem para aqueles escombros cadentes a fim de acharem proteção, preferindo esse holocausto à ira do Cordeiro?

4. O mais importante em expormos e aplicarmos o ensino bíblico sobre o inferno é isto: temos de enfatizar que há um caminho de salvação. Há um lugar de abrigo para nos escondermos da ira do Cordeiro.

O evangelho não é essencialmente uma mensagem sobre o inferno. Contudo, não podemos ser fiéis às Escrituras se não pregamos sobre o inferno pela simples razão de que o próprio evangelho não pode ser entendido sem a realidade do inferno.
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós” (2 Co 5.21). Em resumo, o evangelho é isto: Cristo tomou o nosso lugar, levando sobre si o nosso pecado, provando o nosso julgamento, morrendo a nossa morte – para que compartilhemos do seu lugar, sejamos vestidos de sua justiça, provemos sua vindicação e experimentemos sua vida.
No entanto, ser feito pecado implica sujeição à condenação de Deus e ao justo juízo da punição do inferno. De fato, essa é maneira como o Novo Testamento (sempre à luz do Antigo) vê o significado da morte de Jesus.

O QUE OS PASTORES PRECISAM PARA PREGAR SOBRE O INFERNO?


É nesse contexto que a pregação sobre o inferno faz parte da pregação do evangelho. Quando entendemos que isso é o que a morte de Cristo significa, quando isso domina nossa alma, começamos a ver o modelo da pregação dos apóstolos reproduzida em nosso próprio ministério. Assim, constrangidos pelo amor, temos algumas implicações.


1. Coragem e compromisso

Pregar sobre o inferno exige coragem e compromisso. Coragem é necessária porque em alguns contextos contemporâneos apenas uma menção do inferno é suficiente para garantir a acusação de que temos um espírito severo e mente intolerante.
Compromisso é necessário porque esse ministério exige um desejo de viver para Cristo (2 Co 5.15) e de ver homens e mulheres vindo a Cristo. E isso é superior ao nosso desejo natural por segurança e popularidade. Não é possível ser apreciado por pregar a verdade sobre o inferno (embora seja possível, de modo paradoxal e com gratidão, ser amado por pregá-la).

2. Uma perspectiva verdadeiramente bíblica

A humanidade pecaminosa olha naturalmente para a vida por meio da extremidade errada do telescópio. Para eles, o tempo é longo, e a eternidade, curta; esta vida é extensa, e a vida por vir, breve; este mundo é real, e o mundo por vir, irreal. Isso é o que significa viver kata sarka(“segundo a carne”), e não kata pneuma (“segundo o Espírito” – Rm 8.4). Todavia, os olhos do cristão foram abertos e estão fixos em Cristo e na eternidade.
Um cristão olha para vida à luz do destino ao qual ela conduz e vê cada pessoa nesse contexto. As famosas palavras escritas por volta de 1834 pelo ainda jovem, mas que morreria em breve, Robert M’Cheine expressam bem esse ponto de vista e suas implicações: “Enquanto andava pelos campos, sobreveio-me, com poder quase avassalador, o pensamento de que cada pessoa de meu rebanho estará em breve no céu ou no inferno. Oh! como desejei que tivesse uma língua semelhante a um trovão, para que fizesse todos ouvir; ou que tivesse uma estrutura física como que de ferro, para que visitasse cada um deles e lhe dissesse: fuja, por amor à vida”. Por trás de todos que conhecemos e encontramos está a sombra do julgamento.
Sabendo isso, como podemos nos manter em silêncio – ou em covardia? Só podemos fazer isso se nós mesmos vivemos em negação da realidade que sabemos foi revelada no evangelho.

3. Uma profunda consciência de nossa vocação

“Deus... nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação... e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2 Co 5.18-20).
O pregador cristão é um devedor porque, por meio de Cristo, ele mesmo foi liberto do juízo vindouro. Ele é um mordomo porque a mensagem de reconciliação lhe foi confiada. Ele tem de empregar os recursos providos por seu Senhor, não para diminuir, nem para acrescentar, nem para transformá-los. Ele é, também, um embaixador cuja tarefa consiste em representar sempre seu Senhor e anunciar fielmente a sua mensagem.
Essa é a razão por que nossas próprias desculpas jamais devem prevalecer (“Eu não sou esse tipo de pregador”; “a congregação não receberia bem essa mensagem”; “as pessoas não levam mais essas coisas muito a sério”; “estamos vivendo numa época em que esse tipo de ênfase não atrai as pessoas para Cristo”).
Quando Robert M’Cheyne encontrou-se com seu querido amigo Andrew Bonar numa segunda-feira e perguntou-lhe o que havia pregado no dia anterior, recebeu esta simples resposta: “O inferno”. Em seguida, perguntou-lhe mais: “Você pregou com lágrimas?”

CONCLUSÃO

Portanto, somos chamados a pregar como representantes de Cristo: pregar com equilíbrio bíblico, com um foco cristocêntrico, com a humanidade daqueles que reconhecem sua própria necessidade de graça perante o tribunal de Cristo, com uma disposição de sofrer à luz da glória vindoura, com amor e compaixão em nosso coração e de um modo que recomenda e adorna a doutrina de Deus, nosso Salvador.
(Este artigo é uma condensação do capítulo “Pastoral Theology: The Preacher and Hell”, escrito por Sinclair Ferguson e publicado no livro Hell Under Fire: Modern Scholarship Reinvents Eternal Punishment, editado por Christopher W. Morgan e Robert A. Peterson. Copyright © 2004 Christopher W. Morgan e Robert A. Peterson. Usado com permissão de Zondervan.)

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FONTE:Ed. Fiel (http://www.editorafiel.com.br/)